quinta-feira, 7 de março de 2013

Aquele momento em que o que importa é “conseguir”

Por Mima

Você está atrasado. E você perdeu o ônibus. Você não continua o caminho a pé, tentando ganhar uma vantagem, você espera pelo próximo ônibus. Isso não faria diferença, afinal, você já está atrasado mesmo. É só um exemplo. É apenas um evento comum ao nosso dia-a-dia. Você perde o ônibus e inventa uma desculpa. Uma desculpa para você mesmo. Uma vida baseada em aceitar a sua própria situação. Não acontece com todos. Algumas pessoas desafiam a si mesmas. Gabrielle Andersen tinha 39 anos quando decidiu que, mesmo atrasada, ela teria uma boa justificativa no final das contas. 

Em 1984, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles aconteceu a primeira maratona olímpica feminina da história. Joan Benoit Samuelson ganhou a prova com um tempo de 2h24min52s. Ela foi aplaudida e parabenizada pelo público. Ela subiu ao pódio e recebeu sua medalha. Seu nome está cravado na história olímpica mundial. Mas nem sempre ser o primeiro a chegar faz de você o verdadeiro campeão. Gabrielle Andersen não foi a primeira a chegar, mas foi uma campeã. Foi uma campeã para ela mesma. 

Aos 39 anos, Gabrielle considerou que já havia se atrasado demais. Viu na competição a sua primeira e última chance de realizar seu sonho. Muito próxima de terminar a prova, faltando apenas alguns metros, a atleta suíça passou por grandes dificuldades. O calor excessivo que fazia naquele dia foi o grande vilão, provocando a desidratação da atleta e também dores musculares. Ela continuou. Não desistiu e não pediu ajuda. Ignorando todos os conselhos dos médicos, que a acompanhavam ao lado da pista, ela seguiu em frente. Ela se propôs uma meta e nessa meta a palavra desistir não se encaixava. 

Cambaleando. Pendendo para um lado do corpo ela veio. Para os últimos 400 metros ela levou cerca de 7 minutos. Os últimos 100 foram 5min e 44s. Com um tempo de 2h48min42s, Gabrielle Andersen completou sua prova, caindo assim que cruzou a linha de chegada, ficando com a 37ª colocação. Derrotada? Jamais. Vitoriosa. Caiu aos aplausos do público, que em pé, fervoroso, admirava a persistência da atleta. Ficou conhecida mundialmente. Entrou para a História. Não ganhou uma medalha nem subiu ao pódio. Não está entre os ícones do esporte Suíço, mas Gabrielle Andersen se tornou um símbolo de perseverança. 

Após a prova ela disse aos jornalistas que aquela era sua última chance. Como se por si só o esporte, em geral, não fosse motivador e surpreendente, existem essas pessoas que superam a si mesmas e nos mostram o quão longe podemos chegar se em nós houver determinação. Ela estava atrasada, mas não esperou pelo próximo ônibus. Aquele momento em que o cansaço toma conta e você pensa em desistir. Esse momento não vale a pena. O que vem depois disso é tão recompensador que aquele momento se torna nada mais do que insignificância. Então, vai continuar parado ou vai seguir andando?


Assista ao vídeo:



Nenhum comentário:

Postar um comentário